sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Smartphone












by Betha M. Costa

Cheguei na loja. O funcionário atrás do balcão estava ao smartphone. Olhos hipnotizados e dedos tão rápidos  no teclado quanto um virtuose de piano. Cumprimentei:
- Boa tarde!
- Boa tarde! O que a senhora deseja?
- Ah! Eu aguardo o senhor desocupar aí do celular!
- Não! Pode falar! Não tem problema!
- Então... Eu quero ver modelos de copos para personalizar e distribuir de brinde na colação do meu filho...
- Estão todos ali naquelas prateleiras a direita! Apontou o homem com o queixo, sem tirar olhos e dedos do smarth. Não crendo no que acontecia, eu prossegui para  saber até onde ia aquele personagem inacreditável:
- Ei! Os copos são muito legais! Têm cores e formatos diversos...
- Ééééé... Respondeu a falar para dentro de si mesmo o sujeito, sem mexer um músculo.
- Olha! Até cheiros diferentes!
- Ééééé...
Eu fiquei zangada com o despreparo do camarada que demonstrava nem ouvir o que eu dizia, e, não dar a menor bola para minha demanda. Resolvi apelar para testar:
- Tem uns com cheiro de xixi de neném, outros cor de diarreia, outros até lembram o perfume de cravos de defuntos e mofo, né?
- Ééééé... Assentiu o patetão. Boquiaberta eu me segurei e prossegui:
- Quero cem litros dessas rosas vermelhas do tipo conto de fadas! Mas, com cheiro de dentes podres... Pode ser?
- Anhan! Pode! Pode! Anote tudo nesse bloco aqui no balcão!
- Ih! Esqueci de trazer o logo. Posso mandar por telepatia para o senhor?
- Poooode! E desgrudando uma dos mãos do celu, a outra e os olhos ainda lá; ele me passou um cartãozinho com os dados da empresa.

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